quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Belô das Gerais


Em tuas ruas

Becos e esquinas

Corre a beleza solta

Na praça, quatro meninas

Estações de luz e graça



O belo de Belô

Na Lagoa, nos montes

No verde e azul das Gerais

Nos versos de Drummond

E das estradas Reais



No belo de Belô

Nasce o papo na esquina

A comida de boteco

A bela morena

E o Clube da esquina



No belo e no horizonte

Nascem os versos de queijo

Nasce a fonte e o beijo

Nasce a fé dos mortais

Na bela Belô das Gerais.


Autor: Marcelo Paschoal

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Poema livre


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

LUA CHEIA




Um dia me disseram que a lua cheia parecia um queijo.
Bem, em Minas, isso pode até ser verdade! Por que não seria?
Ao olharmos para a Lua não somos convidados a imaginar?
Imaginemos!

Não teriam os primeiros mineiros fazedores de queijo se inspirado na lua?
Não teriam eles admirado tanto a beleza nua da lua ao ponto de sentirem um desejo incontrolável de tê-la?
E ao desejarem-na empenharam-se para recriar a bela imagem, de forma que pudessem degustar algo que os remetesse ao céu.
Algo que não fosse apenas imagem, mas fizesse lamber os dedos.
Que tivesse uma textura intrigante. Que de súbito marcasse a lembrança do aventureiro e o fizesse voltar à infância.
Quem sabe um tipo de gostosura transformada que fosse capaz de fazer correr na alma o suspiro de uma noite enluarada.
Uma noite com cheiro de roça, dedo de prosa e café!

Que bela visão! Que delícia de invenção!

É por isso que em Minas a lua nunca é só uma lua.
Ela nunca está só!
Ela é lua enamorada, companheira estradeira, canção e jornada.
É lembrança festeira correndo a ladeira nas Minas do coração.
Em cada canto e recanto é poesia cantada,
Cantarolada, cheia de amor e moda de viola.

Porque em Minas a lua também se veste de queijo!
De dia ou de noite ela dança Catira na mesa caipira.
Por isso que em Minas o queijo também não é só queijo!
Ele nunca está só.
Queijo é beijo branco! É abraço de broa de milho. É café quentinho e cheiro de lenha queimada.
Queijo é mesa farta e cheia de gente.
É gente amiga do queijo, amiga da gente.
É gente doce que gosta de doce e pão de queijo.

Minas é terra de gente que não vive sem lua,
Que faz festa na rua e manda beijo com um pedaço de queijo.
Aqui em Minas o queijo se veste de lua.
Seja em casa ou na rua, queijo brinca de lua cheia, vira prosa no quarto minguante no risco de uma goiabada ou num tasco de doce de leite.
Minas é terra de gente que não vive sem queijo, sem abraço, sem beijo, sem lua.
Um dia me disseram que a lua cheia parecia um queijo.
Eu acho que o queijo é feito de raspa de lua!
Ai que vontade de comer um queijo nos braços de um belo beijo iluminado da lua!


Bhz, 20 de novembro de 2013
Marcelo de O. Paschoal



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Clareou




Clareou.
Abri a janela
Só pra ver passar por ela
Minha vida beija-flor.

Vida que nasce
Buscando flor
Beijando no céu
O mel do Seu amor.

Clareou.
Abri meu coração
Meu beijo esta canção
Seu Mel minha paixão.


Bhz, 29 de novembro de 2007.
Foto: Catarina Regina
Texto Marcelo Paschoal


Orações em valsa






Atraído por você
Sinto meu coração dançar.
Ele sozinho inicia uma valsa
E convida o Teu olhar.
Na verdade, a dança,
É só um pretexto pra me aproximar.
O Teu olhar penetra minha alma
E desfaz em mim a vergonha.
O Teu amor é a vida que nutre minha alegria,
Enche de paz a minha jornada e
Inspira cada passo que dou.
Em um suspiro bem suspirado respondo.
De pronto me apronto, me aprumo,
E me entrego!
Mais uma vez me encontro
E naquela dança refaço meus sonhos,
Sonhando novos encontros,
Novas danças em novo tempo.
Novos em cada momento!
Momentos de descanso
No abraço de Tua graça,
Que de graça se refaz
Na paz de meu peito arrependido.
Atraído por você
Começaria de novo
E dançaria tudo outra vez!


Marcelo de O. Paschoal
Bhz, 18 de outubro de 2013

Há sois





Os sois já debruçaram suas manhãs
E as luas já refletiram suas intenções.

As minhas? São manhas!

São movimentos incertos,
Moções de inspiração em lampejos de desejo.

A mente inquieta decifra novas intenções
E sugeri um novo caminho em nova companhia.

A pequena flama do desafio
Arvora solitária contra o frio impregnado
E luta, luta, luta...
Gemi, persevera e clama.

Atendendo ao apelo
A voz intervém.
Uma resposta é requerida!

O silêncio ainda gelado resiste.
Revestido de medo descarrega sua fúria
E a dor irrompe mata adentro.
Sem dó pisa firme, quebra a casca
E desperta a fera já ferida.

Mas lá é campo dividido
Minado de intenções sorrateiras
Onde a curva é estreita
E chuva não cai... tudo é oco! É seco!

Uma fagulha apenas...
Um suspiro. É tudo que preciso!

Um cisco de brasa nova e
O fogo se espalha.
Cada trincheira vencida
É uma labareda que se inflama.
A flama vitoriosa hasteia sua bandeira
E clama: abra caminho!
E tudo se fez novo.

Um novo caminho em nova companhia
E um novo jeito de enxergar:
A vida, os sois e as luas.


Marcelo de O. Paschoal
Bhz, 18 de outubro de 2013.